Sunday, January 29, 2012

O MELRO



Sou um Melro nesta vida
Preto, inteligente e sagaz.
Procrio, tenho família
No ninho que os outros fazem.

Botar ovo até que faço
Mas criar filho é um saco.
Se deixo no ninho deles
Já dei ao filho um barraco.

Boto o meu ovo e o deles
Transformo em alimento.
Mas deixo a casquinha bonita
Só de acompanhamento.

Deixo o ovo e eles chocam
Eu sei que vivo de treta.
Eles que alimente o filhote
Voem, corram e tragam a chepa.

Pode ser o tico-tico
O bem-te-vi, a andorinha,
Pode ser o pica-pau,
Pardal, canário, rolinha.

Não falta alimentação
Eles correm apressado
Meu filho come de tudo
É bom de bico o danado.
Eu fico só de butuca
E ele cheio de alegria,
Papa da minhoca a fruta
Come até por mania.

E os pais tão diferentes
Não vê que meu filho é preto,
Mal criado e renitente
Quer mais comida e respeito.

E fica gordo, emplumado,
Casa, comida e cuidado,
Não para de reclamar
Até que possa voar.

E eu fico orgulhosa
De ver meu filho criado
É por isso que contrato
Um montão de empregados.

Sou um pai desajeitado
Reconheço, eu me exponho
Criam meu filho com amor
E o ovo sou eu que ponho.

Manoel Irismar Pereira
Franca, 29/01/12

Sunday, January 1, 2012

QUEBRANDO LAÇOS

QUEBRANDO LAÇOS


Fugir à mágoa terrena
E ao sonho que faz sofrer,
Deixar o mundo sem pena
Será morrer?

Fugir nesse anseio infindo
À treva do anoitecer,
Buscar a aurora sorrindo
Será morrer?

E o grito que a dor arranca
E o coração faz tremer,
Voar como uma pomba branca
Será morrer?


Lá vai a pomba voando
Livre através dos espaços...
Sacode as asas cantando:
“Quebrei meus laços!”

Aqui n’amplidão liberta
Quem pode deter-me os passos?
Deixei a prisão deserta,
“Quebrei meus laços!”

Jesus esse vôo infindo
Vai amparar-me nos braços
Enquanto eu direi sorrindo:
“Quebrei meus laços!”


Manoel Irismar Pereira
24.02.11 Franca tarde vazia.



Fugir à mágoa terrena
E ao sonho que faz sofrer,
Deixar o mundo sem pena
Será morrer?

Fugir nesse anseio infindo
À treva do anoitecer,
Buscar a aurora sorrindo
Será morrer?

E o grito que a dor arranca
E o coração faz tremer,
Voar como uma pomba branca
Será morrer?


Lá vai a pomba voando
Livre através dos espaços...
Sacode as asas cantando:
“Quebrei meus laços!”

Aqui n’amplidão liberta
Quem pode deter-me os passos?
Deixei a prisão deserta,
“Quebrei meus laços!”

Jesus esse vôo infindo
Vai amparar-me nos braços
Enquanto eu direi sorrindo:
“Quebrei meus laços!”


Manoel Irismar Pereira
24.02.11 Franca tarde vazia.