Monday, February 21, 2011

REGRAS DA VIDA.

ESTA VIDA TERRENA É MARCADA POR CHEGADAS E PARTIDAS. NINGUEM ESCOLHE O DIA DA CHEGADA A ESTE MUNDO, E NÃO É POSSÍVEL SABER O DIA QUE SEREMOS CHAMADOS A DEIXAR TUDO PARA TRÁS E PARTIR, A EMBARCAR NA GRANDE VIAGEM DE PARTIDA. ALGUMAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS ENSINAM QUE, NO MOMENTO DA MORTE, A ALMA RECEM LIBERTA DA MATÉRIA RECORDA CADA INSTANTE DA VIDA TERRENA QUE ACABOU DE DEIXAR PARA TRÁS. “ESTE É O FILME DA TUA VIDA”. CADA ATO PRATICADO, GRANDE OU APARENTEMENTE INSIGNIFICANTE, AS BOAS AÇÕES E AS CONSTRANGEDORAS, AS REALIZADAS À LUZ DO DIA OU NA CALADA DA NOITE SÃO MOSTRADAS SEM NENHUM EMBELEZAMENTO. FRENTE A FRENTE COM O NOSSO REGISTRO, A MOSTRAR TANTO AS VIRTUDES QUANTO AS FALHAS. A NOSSA CONSCIÊNCIA A NOS JULGAR, SE SOUBEMOS FAZER BOM USO DE NOSSAS HORAS. MUITAS TRADIÇÕES DEFINEM O PRÓXIMO MUNDO COMO “O MUNDO DA VERDADE”. PORQUE LÁ RECONHECEREMOS CLARAMENTE O VALOR DAS AÇÕES QUE PRATICAMOS.O FILME DA VIDA “NÃO TEM PRE-ESTREIA” E UMA VEZ CONCLUIDO NÃO HAVERÁ MESA DE EDIÇÃO OU HIPLAY, NÃO SE ADMITE CORTE, NEM ADIÇÕES.EXISTE UMA TRADIÇÃO JUDAICA QUE VAI MAIS ALÉM, E MENCIONA UM SEGUNDO FILME,UM FILME QUE MOSTRA COMO A VIDA DA PESSOA PODERIA TER SIDO SE AS ESCOLHAS CERTAS HOUVESSEM SIDO FEITAS, AS OPORTUNIDADES, APROVEITADAS, O POTENCIAL, UTILIZADO. ESTE SEGUNDO FILME, A DOR DO POTENCIAL DESPERDIÇADO, SERIAMAIS DIFÍCIL DE SUPORTAR. TODAS AS BOAS AÇÕES POR PRATICAR, OS FRUTOS E AS FLORESQUE JAMAIS BROTARAM, PORQUE FALHAMOS EM APROVEITAR AS OPORTUNIDADES, AGORA, IRREMEDIAVELMENTE E DEFINITIVAMENTE PERDIDAS. VEREMOS REFLETIDO NO ESPELHO DA JUSTIÇA TODOS OS EPISÓDIOS DA NOSSA VIDA. A CADA NOVO DIA, A CADA MOMENTO, FAZEMOS ESCOLHAS, E NOS DEPARAMOS COM OPORTUNIDADES. SOMOS NÓS ROTEIRISTAS, ATORES E DIRETORES DO FILME QUE ESTÁ SENDO RODADO, FILME ESTE QUE, MAIS DIA MENOS DIA, SEREMOS CHAMADOS A ASSISTIR. A NÓS, E A MAIS NINGUEM, COMPETE DECIDIR AS AÇÕES QUE PRATICAMOS, E O RUMO QUE DAMOS À NOSSA VIDA. PODEMOS:- SER SOLIDÁRIOS OU INDIFERENTES; - SER GENEROSOS OU SER MESQUINHOS; - PURIFICAR O NOSSO CORAÇÃO OU CORROMPÊ-LO... A CADA ESCOLHA FILMAMOS UMA CENA DO FILME DAS NOSSAS VIDAS... CULTIVE O HÁBITO DE DEDICAR PARTE DO TEU TEMPO A REFLETIR SOBRE O PROPÓSITO DA EXISTÊNCIA. A VIDA NÃO É SÓ TRABALHO E DESCANSO. NÃO VIEMOS A ESTE MUNDO A PASSEIO. ESTA VIDA TERRENA REPRESENTA O ESTADO PROVATÓRIO DA ETERNIDADE. VIVEMOS EM UM TEMPO ONDE SE FAZ NECESSÁRIO O SACRIFÍCIO, O SERVIÇO DESAPEGADO EM PROL DO PRÓXIMO NECESSITADO. OU ASSUMIMOS A NOSSA PARCELA DE BONDADE E COMPAIXÃO, DE ESFORÇOEM PROL DE UM MUNDO MAIS JUSTO, IGUALITÁRIO E FRATERNO, OU IREMOSTODOS AFUNDAR: - NÓS, A NOSSA SOCIEDADE, A HUMANIDADE... DEVEMOS MANTER ÁMPLO O NOSSO CAMPO DE VISÃO E ATUAÇÃO, NUM MUNDO ONDE TANTOS SE CONTENTAM EM FECHAR-SE EM SÍ, CUIDANDO UNICAMENTE DOS SEUS INTERESSES PESSOAIS. - NÓS, OS ABENÇOADOS PELO DESTINO, - QUE TEMOS GARANTIDAS AS NOSSAS TRÊS REFEIÇÕES AO DIA, QUE TIVEMOS ACESSO À EDUCAÇÃO, E QUE DESFRUTAMOS DE TEMPO E CONDIÇÕES PARA VER TELEVISÃO, ACESSARA INTERNET- É MINORIA, UMA PARCELA DIMINUTA DA SOCIEDADE. A MAIOR PARTE DA HUMANIDADE APENAS SOBREVIVE, AMPARANDO NA FRAGILIDADE DA VIDA UM DIA APÓS OUTRO... SÃO TANTOS OS QUE, EM SILÊNCIO, ESPERAM UM PUNHADO DE COMPAIXÃO, POR UMA MÃO CHEIA DE JUSTIÇA... O QUE SERÁ QUE UMA CRIANÇA DE TANTO DESTRUIDA, RESPONDERÁ QUANDO LHE FOR DIRIGIDA A PERGUNTA; “ACASO ENCONTRASTE NESTE MUNDO ALGUEM DISPOSTO A AMENIZAR A TUA DOR”? ELA FICARÁ EM SILÊNCIO, OU PRONUNCIARÁ ALGUMA PALAVRA...?A VOCÊ E AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS, COMPETE DECIDIR QUAL SERÁ A RESPOSTA. NÃO DEIXE PARA AMANHÃ, NÃO HÁ TEMPO. COM CERTEZA AMANHÃ SERÁ TARDE... O SER HUMANO É FRUTO DE UM GRANDE PROCESSO EVOLUTIVO. POREM NOS ÚLTIMOS TEMPOS, INFELIZMENTE, A HUMANIDADE TEM-SEDESVIADO DO SEU RUMO, CONFORME ATESTA O TRISTE CENÁRIO QUE PREVALECE ATUALMENTE. OS DESAFIOS QUE ENCONTRAMOS À NOSSA FRENTE- DESTINADOS A CONDUZIR A REGENERAÇÃO E A PLENITUDE DE NOSSA CONDIÇÃO HUMANA-,EXIGIRÃO ESFORÇOS À ALTURA.QUEM SERÃO OS HERÓIS QUE SE ESFORÇARÃO PARA MANTER ACESA A CHAMA DA SOLIDARIEDADE, DO AMOR E DA ESPERANÇA, EM MEIO AS VENTANIAS, AO DESAMOR, DO MEDO E DA INDIFERÊNCA? DEEM OUVIDAS AS “CANÇÕES DO ESPÍRITO, AS MELODIAS DA ALMA.” A NOITE É PASSADA E O DIA É CHEGADO, REJEITEMOS AS OBRAS DAS TREVAS, E VISTÁMO-NOS DAS ARMAS DA LUZ”. Romanos 13-12.“NÃO HÁ BOA ÁRVORE QUE DÊ MAU FRUTO, NEM MÁ ÂRVORE QUE DE BOM FRUTO PORQUE CADA ÁRVORE SE CONHECE PELO SEU PRÓPRIO FRUTO. O HOMEM BOM “DO BOM TESOURO DO SEU CORAÇÃO, TIRA O BEM...” JESUS CRISTO.“A RELIGIÃO PURA E IMACULADA PARA COM DEUS, O PAI, É ESTA: VISITAR OS ÓRFÃOS E AS VIÚVAS NAS SUAS ATRIBULAÇÕES E GUARDAR-SE DA CORRUPÇÃO DO MUNDO”. TIAGO 1-27“AS HORAS FUGAZES DA VIDA TERRENA CORREM CELERAMENTE, E O POUCO QUE AINDA RESTA ESVAI-SE-A. O QUE PERDURA E SUBSISTE, POR TODA A ETERNIDADE, NO ENTANTO, É O FRUTO COLHIDO PELO HOMEM, DE SUA SERVITUDE NO LIMIAR DIVINO”.“ESSES SÃO DIAS ASSAZ PRECIOSOS; APROVEITA ESSA OPORTUNIDADE E ACENDE UMA VELA INEXTINGUÍVEL QUE PERPETUAMENTE ESPARJA SUA LUZ ILUMINANDO O MUNDO HUMANO!” “““ TÃO PODEROSA É A LUZ DA UNIDADE QUE PODE ILUMINAR A TERRA INTEIRA”


Wednesday, February 16, 2011

OS BRASILEIROS


A os historiadores sempre causou espanto a monolítica unidade territorial política e cultural do Brasil, sobretudo quando comparada à fragmentada América espanhola. Mas aproximando-se para observar através das lentes da realidade, começa-se a perceber que este pretenso monolitismo é vário, muito mais rico em aspecto contrastante do que sempre pretenderam os mais simplistas.

O Brasil é, antes de tudo, muitos países: o Brasil do sul, europeizado e gauchesco, o Brasil do nordeste, verdadeiro laboratório etnológico, onde se misturam sem qualquer constrangimento, as três raças que compuseram o painel humano do país. Existe ainda o Brasil amazônico, no qual convivem índios ainda próximos da cultura neolítica, ocultos pela floresta, e técnicos altamente capacitados produzindo sofisticados equipamentos eletrônicos na zona franca de Manaus. Há o país das Minas Gerais, de velhas cidades adormecidas no tempo, em cujas ruas pedregosas ainda ecoam passos de inconfidentes e poetas e de cidades modernas e vibrantes.

E existe o país de São Paulo, múltiplo mesmo em comparação à multiplicidade do país como um todo.

O São Paulo dos imigrantes italianos, dos japoneses e dos nordestinos, é um país dentro do país.

Ao mesmo tempo e com a placidez dos santuários, existe o Brasil do Pantanal, imensidão de águas e terras habitadas pelo especialíssimo caboclo pantaneiro.

Com tudo isso, afinal quem somos nós, os brasileiros?

Somos, em primeiro lugar, índios: tupis, jês, aruaques, divididos em muitas famílias, cada qual com sua própria língua, espalhados por todos os brasis.

E somos também portugueses. E com esta ascendência, somos celtas, iberos, árabes e capsienses. Descendentes do herói pastor Viriato que enfrentou os romanos e de anônimos mouros que invadiram terras portuguesas. E somos godos e visigodos. Tanto quanto judeus, sírios e armenoídes, pois a despeito de suas reduzidas dimensões, Portugal recebeu contingente humano das mais variadas procedências.

Evidentemente, somos também negros. Somos nagôs, ijechás, eubas e ketus, povos vindos da Nigéria e do Sudão. Descendentes de páules, fulas e mandingas, haussas e muitas outras culturas negras islamizadas, conhecidas durante a escravidão, sob a denominação de malês. Deles herdamos, além dos traços, importantes contribuições à cultura nacional. É deles, por exemplo, a criação do traje típico das baianas, com suas rendas, suas saias engomadas, os muitos colares e braceletes, tão ao gosto árabe. Tivemos avós e amas-de-leite iorubanas e bantas.

Dessas três raças básicas, formadoras de nossa personalidade, de nossa aparência e de nossa cultura, surgiu uma miríade de subtipos, provocados pela constante, aberta e prazerosa miscigenação que nossos ancestrais praticavam. Por isso, somos mulatos, mamelucos – filhos dos ardentes amores de capitães-do-mato e das índias que preavam e emprenhavam, cafuzos ou curimbocas – rebentos dos encantos de duas raças oprimidas, o negro escravo e o índio dizimado.

De chapéu de couro e alpercatas, com traços duros, como se entalhados na madeira por uma lâmina, somos o cabra nordestino, frutos dos arroubos apaixonados entre negros e mulatos. Às vezes um cristalino par de olhos azuis, faiscando na face crispada de um cabra, revela, com mais eloqüência do que qualquer compêndio de história, a importância da presença do invasor holandês no nordeste, avós das multidões de Wanderleys que enfrentam a dureza da seca que cantam e dançam quando a chuva cai.

Somos franceses e como não? O somos em São Luis do Maranhão como o fomos na côrte. E somos ainda em criança, quando cantamos o marré-de-ci, ou dançamos quadrilhas marcadas em francês, mesmo que algo estropiado pela língua do povo, (língua errada do povo / língua certa do povo), como dizia o poeta Manuel Bandeira. Blancê e anavantu, ordens comuns dos mestres quadrilheiros, nada mais são que balancês, usuais nas alegres festas de Versalhes.

No sul, somos alemães e poloneses. Como italianos, fabricamos vinho de boa qualidade. Se no nordeste nossas cidades têm nomes de sabor tropical, como por exemplo Catolé do Rocha ou Maranguape, revelando o traço firme, pintado no vermelho vivo de urucum dos índios, no sul Chamam-se germanicamente Blumenau e Pomerode.

Mas não ficamos aí: em um único Estado temos uma tropicalíssima Rio de Janeiro e uma européia Nova Friburgo.

E como repercutiu em nossa criatividade o impacto de mistura de tantas raças e culturas? Sem dúvida enriqueceu-nos. Transformou-nos em um gênio da pintura ingênua, como o negro Heitor dos Prazeres, bom de samba e de pincéis, ao mesmo tempo em que nos fez um Portinari, descendente de italianos, nascido em Brodosqui, a despeito do no nome de som eslavo, cidade tão brasileira como Matão e Palmeira dos Índios. Quando escrevemos temos a elegância, o talento e a dignidade de Machado de Assis, soba da intelectualidade e descendente de pretos africanos.

Nossa poesia também é negra retinta, com Cruz de Sousa, indelevelmente européia com Olavo Bilac, parda e cabra nos repentes e martelos dos cantadores nordestinos, ou universal, pairando acima das raças e cores, quando somos poetas como Carlos Drumonnd de Andrade.

Ao escrevermos romances, somos algumas vezes, uma complexa mistura de árabes e mulatos, principalmente quando descrevemos a civilização do cacau, os mistérios e seduções da Bahia e nos assinamos Jorge Amado.

Quando compomos música, então somos uma multidão. Somos a um só tempo, clássicos e populares, abertos aos avanços da arte, da regência e aos ecos de dolentes bandolins e violões das rodas de chôro, se nos assinamos Villa Lobos.

Tornamo-nos maestros imbatíveis do contraponto, enlouquecendo regentes famosos que vêm estudar nossa música, quando sentamos em uma cadeira de balanço, à sombra de uma frondosa mangueira que ameniza o calor estival de um subúrbio carioca, transplantamos nossa alma para uma flauta e um saxofone como fazia Pixinguinha.

Podemos ser alvos filhos de Xangô como Vinicius de Morais, poeta de alturas camonianas e letrista de samba de terreiro, ao mesmo tempo em que, pardos, cantamos místicas incelências aos santos católicos.

Somos uma grande diversidade. Aqui nascemos nas matas e nas praias, onde aprendemos a falar a língua geral e a cultura Maíra. Para aqui viemos em grandes caravelas, impropriamente vestidos para o clima tropical e ávido de riquezas fáceis. Também por mar, em infectos porões, fomos trazidos da África para encontrar os tesouros que fizeram a fortuna dos senhores. Ainda por mar, chegamos assustados, sem entender a língua e ofuscados pelo sol brilhante, encantados com a paisagem, carregando poucos pertences e muitas esperanças.

Somos Ubirajaras louros e Williams pretos. Somos o orgulhoso cacique Rauni e o humilde anônimo guarani, de calça, camiseta e sandália de borracha, vendendo no Viaduto do Chá, artefatos indígenas fabricados na periferia de São Paulo. Somos muitos. E mais que muitos tantos.

Somos , acima de tudo,

BRASILEIROS.

A LINGUAGEM É O SANGUE DO ESPÍRITO


A terra é a mãe, mas a linguagem é o pai de tudo. Se a terra se abre e recolhe, guardando a semente para gerar vida, foi a linguagem que penetrou e semeou. Isto nos mostra o seu sentido generoso, sua transcendência paternal e perdurável em nossa vida; sua condição predominante no destino humano. Simplesmente reafirmo a definição filosófica concreta e certeira de Heidegger: A linguagem é a causa do ser”.

A linguagem é a invenção maravilhosa do homem, ciência da paciência, a mais antiga e sólida instituição de nossa sociedade. Arte de sortilégio evocador, como dizia Baudelaire, o sangue do espírito, como afirmava Manoel de Unámuno. Sem a linguagem não existe raça, pátria, povo. A história também não existiria em toda amplidão e significado do termo. Não se pode separar o gênesis das línguas, do gênesis dos povos. A linguagem é o órgão mais pleno e relevante do caráter dos seres humanos, de sua personalidade e ação; é o idioma, a maneira como este ou aquele povo se comunica. Cada idioma é uma soma de hábitos. Forma um espelho fiel no próprio tronco familiar da tradição e raízes sociais de sua cultura. A linguagem nos dá a medida exata dos povos. De sua forma de ver, sentir e entender as coisas. É uma essência vital que se superpõe aos vínculos econômicos e políticos. Vai do instinto à razão; da alma à inteligência. É condição determinante da própria fisionomia humana e de sua fisiologia. Cada povo tem uma maneira particular de entendimento determinado por sua linguagem, ditadora inapelável na escola de seus estilos de vida. A maneira de ser das pessoas, suas transformações sociais, políticas e econômicas, são inseparáveis da evolução da linguagem como sistema de comunicação.Os modos de falar estão entrelaçados com os de viver e atuar. Todo idioma, rico em substância poética e em associações metonímicas, é abundante em metáforas, as quais precedem a linguagem concreta, influenciando-lhe de maneira definitiva em seus significados conotativos. Na metáfora, com seu grande poder de transferência, o homem encontra o caminho direto para comungar com o mito, que é uma forma de comover e comover-se. A linguagem expressa a faculdade, para buscar mediante a representação de semelhanças, suas afinidades com o próprio ser e o universo que o rodeia. De acordo com o seu amadurecimento, a linguagem ganha em recursos retóricos e a metáfora afina o seu poder persuasivo. É a linguagem demonstrando sua capacidade de fixação e penetração, tanto individual, como coletiva. A linguagem manda mensagens que estão a serviço de uma finalidade, por mais elementar que esta seja, de uma pessoa a outra, ou de uma pessoa a um grupo. A linguagem é a comprovação de que as coisas só passam a existir depois de serem batizadas, aprovadas e apontadas pela linguagem ao seu povo. O povo só reconhece o que a linguagem indica, porque o povo é aquilo que fala.

Tuesday, February 8, 2011

CONTRASTES

Se quando amamos é certo que amamos,

Como pode ser que logo aborrecemos?

Se quando vamos é certo que vamos,

Ou não será que ao ir, retrocedemos?

Se é tão grande o bem que desfrutamos

E imenso o mal que padecemos,

Quem nos rouba o bem que hoje temos?

Quem nos dá o mal que nós criamos?

Cinco sentidos de uma vez me estão mentindo.

Intensamente e sem cessar me estão provando

Que é mentira quando estou sentindo...

Atormentada a alma delirando,

Me diz que quando subo estou subindo

E sei que quando subo estou baixando!

Pedro. Os presentes quebram pedras. E eu, nada tenho por tão valioso como o que me é dado. Aquele que tarda em dar, não sabe dar e Deus ama ao que sabem dar com alegria.

Quando recebemos um presente temos que avaliar:

1º Se o merecemos realmente.

2º Se não o merecemos, como fazer para daí para frente sermos merecedor.

Este presente é verdadeiro e real. O presente é algo pleno e sobre ele repousa exclusivamente a nossa existência. Quase nunca pensamos, quando damos um presente, que o que doamos de coração é uma luz que iluminará o futuro de quem recebe. O presente jamais existirá se não passar a fazer parte do futuro de alguém!

Como você pode ver, a dedicatória é maior que o soneto e isso é simplesmente mérito de quem recebe.

.

SOMOS O OUTRO

Não tem jeito... Nos somos sempre o outro

O espelho de outra forma que a gente não conhecia e nem sabia que era.

Para gosto ou pra desgosto e assim no outro rosto

Passamos a ser o composto da outra forma, o oposto.

Daquilo que a gente era!


Monday, February 7, 2011

SOU O AMAZONAS

Nasci com o nome de Ucayalí

Depois sou o Lago Laurí,

Nos Andes peruanos, no alto das montanhas,

Límpido, suave e lento do ventre da terra,

Rasgo as entranhas.

E vou deslizando a 10º de latitude sul,

Vou rumando para o Norte,

E com sorte, com forte gradiente e vertentes,

Mudo para a direção leste e troco de nome,

Então, sou Maranhão, e entro no Brasil.

Pareço um furacão.

Já chego com três vertentes e engrosso o caldo;

Crisnejas, Chamayo, Cenepa, são meus afluentes,

E me aumentam o saldo, de repente.

Passo a ser Solimões pleno de convicções.

Recebo o Javari, Curuca e Ituí,

Chegam o Jandiatuba, Putumayo e o Içá.

Correndo de muito longe, do Equador,

Da Colômbia, do Peru para o Brasil,

Todos vêm correndo a mil

Pro Solimões abraçar.

O Igara, Paraná e o Rio Jutaí,

Da Colômbia até aqui

Juntam-se ao Rio Bia.

Muito bom pra pescar,

Pois corre de vagarinho

Se juntando ao Rio Zinho

E abraçando ao Solimões

E é água aos borbotões

Que são purificações de infinito carinho.

O Rio Mutum, vermelho qual urucum,

Vem cair no Juruá. Então pra se arrumar

E não ser balneatório se junta com o Gregório,

Caquetá e Japurá, Apaporis, Jamundá.

E é um junta juntar, que já não pode parar

São todos filhos do mar.

Depois o Cachunari que vem de longe daqui,

Que vem com o Rio Caguan

Seguido pelo Yari, depois o Rio Tefé.

Importante como é, inaugura até cidade.

Cobrando celebridade.

O Lago do Coari fica logo mais abaixo

Parece mais um riacho comparado ao Solimões

E então o Tapajós com águas que são lençóis

Cobrindo as extensões aonde vai se deitando

Rapidamente passando agradando ao Solimões.

E aí chega o Purus, sai da frente, ai Jesus.

Com ele chega Ipixuna, Tapauá, Mucuim.

Ituxi, Sepatiní, Rio Acre, Rio Iaco,

O caudaloso Chandless,

Todos como afluentes importantes ascendentes

Do Rio que os conduz,

Partiram de suas nascentes

E agora bem potentes

Deságuam suas correntes

No nobre Rio Purus.

Ai chega o Rio Napo correndo pela esquerda

O Javari sem dar perda abraça o Jandiatuba.

O Rio Iça vem juntar forças com o Jutaí

E o Rio Juruá se unindo ao Japuíra

Assistem junto chegar Coari e Piurini

Afluentes do Purus rio dos Guaicurus

Tribo do grande Amazonas

Que dominou estas zonas

Dentro de gambadonas.

Mas falta o Rio Madeiras

Que com suas corredeiras

Chega ao Manacapuru.

Que não respeita barreiras

E cava nas ribanceiras

Deixando a terra ferida

E provocando o fenômeno

Que chamam terras caídas.

O Rio Uatamã onde canta o curimã

Depois vem o Nhamundá

Bem difícil de pescar

Impossível de remar

Nas suas águas barrentas.

Chega o Manacapuru fazendo seu reboliço

Parece que tem feitiço onde o boto faz morada.

E aí a mulherada ganha sua gravidez

Mas foi o boto que fez e isso é coisa sagrada.

E o Tapajós entrando

Vai pedindo mais espaço

É vai fazendo arregaço

Mostrando que é valente.

O Curuá imprudente

Se perde já na entrada

E não tem força pra nada

Perde a briga de repente.

O Rio Maicuru

Se junta ao Uruará

E juntos com o Xingu

Pedem licença ao entrar.

E logo o Rio Jarí

Vai chegando sem pedir

E não se pode iludir

A força contrária é demais.

Então com mais paciência

Começa a pedir clemência

Pois a sua resistência

Terminou, já não tem mais.

Ganha terreno, largura, profundidade, e na briga,

Recebe o Muriaé, o Paraíba e Tapajós, antes do Negro,

Que espera um pouco à frente,

Escuro, misterioso, caudaloso e valente,

Que não quer se misturar.

É um rio forte e limpo, sem subterfúgio.

E o Solimões grosseiro, estrangeiro, um rio sujo,

Tem que partir pra luta e enfrentá-lo; até ganhar.

E pelo cansaço vence e se torno imenso.

O que ajuda nessa luta é o Madeira,

Turvo como ele entra na busca do mesmo Atlântico sonhado.

O Xingu chega cantando, o Trombeta trombeteando,

E logo o Tocantins, o Marapá, o Japurá, o Iça, o Parú,

O Jarí, o Branco, o Javari, o Juruá e assim vou crescendo.

Com Pastaza e Napo sinto que não vou podendo

E não podendo, minhas forças vão se perdendo.

Estou chegando ao mar, de Amazonas vou deixar de ser.

Mesmo assim ainda trato de correr

E entro mar adentro com toda a força que tenho.

E descubro que de nada vale todo o meu empenho,

Minhas forças vou perdendo, vou me arrastando, sofrendo

E o mais poderoso é quem ganha.

Vou rasgando as entranhas de um oceano azulado,

E cada vez mais cansado, sinto que vou definhando.

Não me entrego, vou lutando e minhas forças minguando.

E paro por já não poder

E nas águas do Atlântico simplesmente vou morrer.


A ÁGUA E O PÃO ! VÊM ANTES DA RELIGIÃO, DA CIÊNCIA E DA POLÍTICA

P

ode parecer fácil compreender como o homem, obrigado desde o seu nascimento a produzir vida, vai orientando-se para a sociedade de consumo, em um desenvolvimento natural e progressivo, até abraçá-la plenamente. E até mesmo antes de exercitar o seu pensamento crítico, já que este é uma mera aquisição social que se dá a partir do próprio consumo.

Nos funerais de Marx, Engels disse estas palavras: O homem precisa primeiro comer, beber, possuir um teto e vestir-se, antes de se preocupar com a política, com a ciência e com a religião”. Giddings afirmaria que a evolução da cultura é a evolução da economia de consumo.

O homem deu azar, na sua primeira existência, de ter que se enfrentar com a fome. Isto é, a necessidade de comer e de procurar alimentos. Depois passa da caça à agricultura. Depois ingressa no aprendizado de ofícios com suas formas tradicionais de divisão de trabalho.

Quando começa a criar bens, se converte em consumidor destes. À proporção que o ser humano consegue meios que de alguma maneira assegure sua subsistência, vai inventando outros para enriquecê-la.

É aí que o homem inaugura a seqüência de transformações qualitativas.

? A luta reivindicativa dos grêmios, precursora dos grandes movimentos sociais da humanidade, busca maior poder de compra e menos horas de trabalho das classes assalariadas. De uma forma ou de outra, com a perspectiva de uma vida mais justa, se contribui a incrementar e estender o consumo. Este cresce e se desenvolve segundo a industrialização; avança e instala o domínio do homem sobre a natureza, fazendo surgir novas necessidades individuais e coletivas. De uma sociedade restringida se passa a uma sociedade de participação que dá acesso a muito mais gente e muito mais bens. Encurta a desigualdade sem evitá-la.

Por uma ação inseparável, e do mesmo modo que o consumo aumenta conforme se aproxima das zonas urbanas, os povos produtores se fazem povos consumidores. Nasce assim uma economia que, tendo por finalidade satisfazer necessidades e desejos, se fundamenta em uma relação constante de produção e consumo, apadrinhada pelo livre jogo da demanda e da oferta. Tem que se debater entre o risco de crises determinadas pela baixa de consumo e a limitação de uma demanda originada pelo excesso de compradores e a falta crescente de matéria prima. A progressão do consumo em termos demográficos desborda freqüentemente qualquer exame em termos puramente dialéticos.

Mas difícil de compreender e aceitar é o problema que cria a sociedade de consumo, quando é devorada pelos apetites que engendra desde o misterioso governo do comportamento humano, cujas leis alcançaram estatura descomunal na análise científico de toda classe de ações e obras. É ai que acontecem os maiores contrastes. A terapêutica oposta que buscam os que consomem por angustia ou nervosismo e aqueles que o fazem por racionalização e prescrição.

A luta de quem por falta de proteínas na alimentação aspiram a um maior consumo delas e os que por excesso destas tratam de reduzi-las sistematicamente.

É o caso de povos como o brasileiro e muitos outros que compram a televisão antes da cama, e o francês que prefere o automóvel ao higiênico bidê.

Porém o que mais assusta saber é que, a partir do momento em que uma pessoa pode comprar mais do que necessita, corre o risco imediato de que o que compra não é necessariamente o que necessita. E a frustração vem tanto por não consumir o que necessita, quanto de consumir muito mais do que é necessário.

? Ao superar a escassez, como limite degradante e entrar na abundância, como conquista reparadora, o homem pode perder a noção do que é verdade, tanto para sucumbir às tendências de sua própria imaginação, entre o contágio dos sonhos o fetichismo dos produtos.

Mas deixemos de lado as regras econômicas que determinam que uma diferença de ingresso corresponde a um consumo quantitativo e que uma diferença de gastos corresponde a uma diferença qualitativa. O homem é seduzido freqüentemente pela auto-estima ou pela admiração social que provoca aquele que gasta mais, mesmo que não corresponda a viver melhor.

Desmoronadas as normas e as escalas de valores, o homem emerge no terreno do imprevisível, com a falta de controle e o esbanjamento, confirmando que o homem costuma ser mais capaz para dominar seu meio – a natureza, que para ordenar sua vida – a sociedade. É exatamente isso que pode levar o homem do Paraíso do consumo ao Inferno do Consumo.

E aqui está a grande alternativa em que nos situa este logro humano, chamado sociedade de consumo. Exige a máxima soma de compreensão e é necessário valorizá-la de frente às particularidades de cada país, dentro de um marco histórico de um desenvolvimento criado cuidadosamente pelo próprio impulso de nossa civilização, na busca de um bem-estar comum a todos os povos como propósito de superação.

O reconhecimento das causas e efeitos que caracterizam este processo, ao revelar paralelamente a natureza íntima do homem, está unido ao destino de forças que, ao mesmo tempo em que produzem o bem, podem transbordar perigosamente. Pretender paralisar uma tendência que pertence ao gênesis biológico do homem, unificando o gosto e o uso, seria antinatural e cancelaria a pluralidade de opções que é própria da liberdade em seu conceito pleno. Tentar incentivá-la em seus excessos, seria promover o consumismo, que é vender não importa o que e não importa a quem, substituindo a sociedade de consumo pela sociedade do esbanjamento e do desperdício. De um extremo ao outro galopa o desgaste erosivo de algum despotismo. Tão inaceitável deve ser a glorificação do consumo como mesquinhez do anticonsumo. Trata-se de redundâncias ofensivas. O consumo é uma necessidade; o excesso, um vício.

Todo excesso de consumo é tão nocivo como toda negligência de consumo. Fugir de um, não implica forçosamente em abraçar o outro. Se os extremos resultam inevitáveis na consubstancialidade do fenômeno. Pelo contraste deles se pode encontrar o ponto de equilíbrio. Este nos aproximará a uma sociedade em que se consuma e que todos possam consumir, em oposições lógicas a uma sociedade onde poucos consomem muito. O consumismo como um ato natural, direito adquirido, frente à luxúria satânica do consumo como um ato de desperdício, direito tomado.

Seria muito justo entender a sociedade de consumo nas dimensões equivalentes da sociedade de bem-estar, como soma razoável das melhores qualidades de nossa vida. Uma sociedade povoada e compartida por todos os que, sendo produtores, são legítimos consumidores, na plenitude humana de suas necessidades e de seus gostos.