SOLIDÃO
Tu que povoa meus sonhos e embala os meus dias,
Tu que na imensidão do silêncio me trás alegrias,
Tu que nas seis badaladas da Ave Maria
Reúne em minha sala meus fantasmas e minhas fantasias.
Tu que se apodera de mim quando escrevo
Tu que es a voz que fala aos meus ouvidos
Que me faz arder em febre quando tudo é negro
E se faz dona de uma vez de todos os meus sentidos
Tu que não es conseqüência de um estado físico,
Que me distancia do real e me leva ao abismo
Para que eu tenha acesso a estas zonas suspensas
E possa agarrar-me ao nada do absolutismo.
E os fantasmas gargalham seus medos,
E vozes antigas cercam meus ouvidos
E uma magia modesta atende meus pedidos
É o milagre da palavra entre meus dedos.
Só tu compreendes meu silêncio interior
Em um estádio, um salão, um deserto, onde for.
Tu sabes que não é a voz de fora a que incomoda
É a de dentro que celebra a boda e se faz amor.
Tu que es um estado de espírito,
E ainda mais que isso um destino.
Que conheces a relação dos fantasmas do meu ser.
Tu que sabes que cresci pra me tornar menino
Tu que sabes que só sou quando não quero ser.
Tu que conheces quanto necessito de distância
Quanto preciso me afastar das circunstâncias,
Dispensar os apelos do real e pedido dos alheios
Pra ficar junto de mim, dos meus anseios,
Pra sair com meus fantasmas em longos passeios.
Solidão amiga quanto es de boa companhia
Que me faz sentir criança e cheio de alegria
És a mais completa das academias
Onde me sinto em festa sem apologia
Onde vivo em paz sem melancolia.
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