Monday, February 7, 2011

SOU O AMAZONAS

Nasci com o nome de Ucayalí

Depois sou o Lago Laurí,

Nos Andes peruanos, no alto das montanhas,

Límpido, suave e lento do ventre da terra,

Rasgo as entranhas.

E vou deslizando a 10º de latitude sul,

Vou rumando para o Norte,

E com sorte, com forte gradiente e vertentes,

Mudo para a direção leste e troco de nome,

Então, sou Maranhão, e entro no Brasil.

Pareço um furacão.

Já chego com três vertentes e engrosso o caldo;

Crisnejas, Chamayo, Cenepa, são meus afluentes,

E me aumentam o saldo, de repente.

Passo a ser Solimões pleno de convicções.

Recebo o Javari, Curuca e Ituí,

Chegam o Jandiatuba, Putumayo e o Içá.

Correndo de muito longe, do Equador,

Da Colômbia, do Peru para o Brasil,

Todos vêm correndo a mil

Pro Solimões abraçar.

O Igara, Paraná e o Rio Jutaí,

Da Colômbia até aqui

Juntam-se ao Rio Bia.

Muito bom pra pescar,

Pois corre de vagarinho

Se juntando ao Rio Zinho

E abraçando ao Solimões

E é água aos borbotões

Que são purificações de infinito carinho.

O Rio Mutum, vermelho qual urucum,

Vem cair no Juruá. Então pra se arrumar

E não ser balneatório se junta com o Gregório,

Caquetá e Japurá, Apaporis, Jamundá.

E é um junta juntar, que já não pode parar

São todos filhos do mar.

Depois o Cachunari que vem de longe daqui,

Que vem com o Rio Caguan

Seguido pelo Yari, depois o Rio Tefé.

Importante como é, inaugura até cidade.

Cobrando celebridade.

O Lago do Coari fica logo mais abaixo

Parece mais um riacho comparado ao Solimões

E então o Tapajós com águas que são lençóis

Cobrindo as extensões aonde vai se deitando

Rapidamente passando agradando ao Solimões.

E aí chega o Purus, sai da frente, ai Jesus.

Com ele chega Ipixuna, Tapauá, Mucuim.

Ituxi, Sepatiní, Rio Acre, Rio Iaco,

O caudaloso Chandless,

Todos como afluentes importantes ascendentes

Do Rio que os conduz,

Partiram de suas nascentes

E agora bem potentes

Deságuam suas correntes

No nobre Rio Purus.

Ai chega o Rio Napo correndo pela esquerda

O Javari sem dar perda abraça o Jandiatuba.

O Rio Iça vem juntar forças com o Jutaí

E o Rio Juruá se unindo ao Japuíra

Assistem junto chegar Coari e Piurini

Afluentes do Purus rio dos Guaicurus

Tribo do grande Amazonas

Que dominou estas zonas

Dentro de gambadonas.

Mas falta o Rio Madeiras

Que com suas corredeiras

Chega ao Manacapuru.

Que não respeita barreiras

E cava nas ribanceiras

Deixando a terra ferida

E provocando o fenômeno

Que chamam terras caídas.

O Rio Uatamã onde canta o curimã

Depois vem o Nhamundá

Bem difícil de pescar

Impossível de remar

Nas suas águas barrentas.

Chega o Manacapuru fazendo seu reboliço

Parece que tem feitiço onde o boto faz morada.

E aí a mulherada ganha sua gravidez

Mas foi o boto que fez e isso é coisa sagrada.

E o Tapajós entrando

Vai pedindo mais espaço

É vai fazendo arregaço

Mostrando que é valente.

O Curuá imprudente

Se perde já na entrada

E não tem força pra nada

Perde a briga de repente.

O Rio Maicuru

Se junta ao Uruará

E juntos com o Xingu

Pedem licença ao entrar.

E logo o Rio Jarí

Vai chegando sem pedir

E não se pode iludir

A força contrária é demais.

Então com mais paciência

Começa a pedir clemência

Pois a sua resistência

Terminou, já não tem mais.

Ganha terreno, largura, profundidade, e na briga,

Recebe o Muriaé, o Paraíba e Tapajós, antes do Negro,

Que espera um pouco à frente,

Escuro, misterioso, caudaloso e valente,

Que não quer se misturar.

É um rio forte e limpo, sem subterfúgio.

E o Solimões grosseiro, estrangeiro, um rio sujo,

Tem que partir pra luta e enfrentá-lo; até ganhar.

E pelo cansaço vence e se torno imenso.

O que ajuda nessa luta é o Madeira,

Turvo como ele entra na busca do mesmo Atlântico sonhado.

O Xingu chega cantando, o Trombeta trombeteando,

E logo o Tocantins, o Marapá, o Japurá, o Iça, o Parú,

O Jarí, o Branco, o Javari, o Juruá e assim vou crescendo.

Com Pastaza e Napo sinto que não vou podendo

E não podendo, minhas forças vão se perdendo.

Estou chegando ao mar, de Amazonas vou deixar de ser.

Mesmo assim ainda trato de correr

E entro mar adentro com toda a força que tenho.

E descubro que de nada vale todo o meu empenho,

Minhas forças vou perdendo, vou me arrastando, sofrendo

E o mais poderoso é quem ganha.

Vou rasgando as entranhas de um oceano azulado,

E cada vez mais cansado, sinto que vou definhando.

Não me entrego, vou lutando e minhas forças minguando.

E paro por já não poder

E nas águas do Atlântico simplesmente vou morrer.


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